Transações financeiras via WhatsApp sobem mais de 500% e tendem a crescer mais com IA

Foram 56,2 milhões de transações feitas no ano passado, segundo a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2023

As transações financeiras pelo WhatsApp cresceram 531% em 2022 ante 2021, segundo a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2023. Apesar de ainda serem poucas (56,2 milhões de transações no ano passado), o crescimento foi significativo em relação a 2021, quando foram totalizadas 8,9 milhões de transações.

O levantamento mostrou que das transações feitas por WhatsApp37% eram transações de Pix com movimentação financeira; 29% eram renegociações de dívidas; 24% eram consultas de saldo e extrato e 10% eram consultas de cartão de crédito. Na pesquisa, 50% dos bancos respondentes oferecem o aplicativo de mensagens como uma forma de o cliente realizar transações.

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A pesquisa foi apresentada em um painel da Febraban Tech, com a participação de Sergio Biagini, sócio-líder para a Indústria de Serviços Financeiros da Deloitte Brasil; Rodrigo Mulinari, diretor de Tecnologia do Banco do Brasil e do Comitê de Inovação e Tecnologia da Febraban e Raphael Vilela Wahrendorff, superintendente nacional de Soluções de TI da Caixa.

E, segundo os especialistas, com os avanços da inteligência artificial, especialmente dos chatbots (nome dados aos "robôs" que fazem atendimento via aplicativos de trocas de mensagens e janelas de "bate-papo"), as transações via WhastApp tendem a crescer ainda mais.

"A ascensão do WhatsApp esse ano é mais uma opção de uso do serviço financeiro na ponta. Esse tem sido o grande papel da indpustria, dos bancos, em levar o serviço para o consumo final, seja uma aquisição, comsulta, transação, levar da forma como o cliente prefere ser atendido. É uma tendência de crescer, porque as transações crescem de forma geral. Será maior que o mobile? Não acredito que seja, mas vai crescer ao longo do tempo", afirmou Sergio Biagini, da Deloitte. Segundo o especialista, o maior desafio agora é a conexão entre os diferentes canais na experiência que é entregue aos clientes.

Crescimento do mobile
O levantamento ainda mostrou que o volume de transações feitas por smartphones, tablets e outros aparelhos móveis atingiu 107,1 bilhões em 2022, uma alta de 54% em relação ao registrado em 2021. Já as transações via internet banking, ou seja, pelo computador, cresceram 2% e chegaram a 17,8 bilhões.

Os números da pesquisa mostraram que oito em cada 10 transações bancárias são feitas de forma digital. Para se ter uma ideia, em 2016, elas eram pouco mais da metade: 52%.

Em qual canal se contrata o que?
O levantamento ainda mostrou os tipos de movimentações feitas por cada canal.

Consultas e serviços mais simples são feitos, na maior parte das vezes, pelo mobile. 86% das consultas de saldos foram feitas pelos canais mobile em 2022. As consultas de investimento seguem a mesma linha: 87% foram feitas por smartphones e tablets. Já as transferências via Pix foram 96% via mobile.

Curiosamente, a contratação de crédito também é feita, em sua maior parte, pelos canais mobiles, com 82% dos serviços.

Já a contratação de investimentos, por exemplo, é feita majoritariamente por internet banking. Em 2022, foram 64% dessas contratações foram feitas pelo computador.

A contratação de seguros, por sua vez, é feita majoritariamente nas agências: 75% são feitas nelas, contra 19% no mobile banking.

Pessoas jurídicas aumentam uso de mobile
Segundo o levantamento, as pessoas jurídicas têm aumentado sua participação nas transações via aparelhos móveis. Em 2021, esses clientes fizeram 2 milhões de transações com movimentação financeira e 6,8 bilhões sem movimentações financeiras. Já em 2022, esses números subiram para 2,7 bilhões (alta de 35%) e 10,2 bilhões (aumento de 50%), respectivamente. Ainda assim, o internet banking segue sendo o canal digital favorito das empresas, que fizeram 4,1 bilhões de transações com movimentação financeira em 2022 (mesmo número de 2021) e 8,9 bilhões de transações sem movimentação financeira (alta de 78% ante 2021).

No caso das pessoas físicas, o mobile é o meio favorito. Esses clientes fizeram 18,6 bilhões de transações com movimentação financeira em 2022 (alta de 39% ante 2021) e 74,6 bilhões de transações sem movimentação (alta de 60% na comparação anual). O internet banking foi o responsável por 1 bilhão de transações das pessoas físicas com movimentação financeira em 2022 (mesmo valor de 2021). Já as transações com movimentação de dinheiro feita pelas pessoas físicas em 2022 totalizaram 3,8 biçhões (queda de 24% ante 2021).

Pix: cada vez mais popular
O levantamento também evidenciou o crescimento e a popularidade do Pix. Segundo a pesquisa, em 2022 são 88,7 milhões de usuários cadastrados, contra 71,8 milhões em 2021.

A pesquisa ainda mostrou que quase metade dos usuários (48%) cadastrados no Pix fazem mais de 30 operações no mês. Em 2021, essas pessoas eram 27% dos cadastrados.

Prioridades dos bancos
A principal prioridade dos bancos no âmbito do avanço tecnológico é analisar e explorar todos os dados obtidos via Open Finance. Pelo menos é o que mostra a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2023. Segundo o levantamento, o ranking de prioridades ainda tem a transformação cultural do banco, em segundo lugar; as moedas e ativos digitais, em terceiro; a expansão das transações via chatbots, em quarto ; e a confirnaça do consumidor no compartilhamento de dados em quinto.

O levantamento ainda mostrou que a agenda dos executivos para desenvolver a área de tecnologia será focada em alguns itens. Um deles é a otimização do legado e priorização do cloud (nome dado à "nuvem", lugar virtual onde são armazenados dados). Além disso, o uso de inteligência artificial para a automação também é uma das prioridades, assim como o desenvolvimento de uma segurança cibernética inteligente, com aumento da conectividade.

Por fim, foram citados também os movimentos emergentes, como a agenda ESG (sigla que fala sobre as práticas de boa governança e preocupação social e ambiental), a tokenização de ativos, o real digital, a tecnologia 5G e o Metaverso.
fonte: Valor investe